quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

...novela real

Que noite solitária. Ninguém para conversar, ninguém para sair. Vou à rua. Nenhum movimento. Resolvo entrar em um bar, mas todos os garçons teimam em não me atender. A coisa é mais séria do que eu pensava.
Ao tentar estabelecer comunicação com alguém, sou silenciada. Nada de conversas, nada de barulho. Todos resolveram ficar caseiros, não saem mais, não curtem mais a noite. Durante o dia, tudo volta ao normal na condição de que nada interfira na mesmíssima programação da noite.
Ao visitar os parentes, sou jogada ao mero sofá. Não conto nem sei mais das novidades. No bate-papo, todos os colegas de conversação se mostram ausentes.
O que está acontecendo? Faltam-me forças para acreditar que tudo isso acontece por uma bendita novela!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

...fantasia no ar

Estou realmente começando a me assustar com as pessoas pela Internet. Calma, eu ainda não fui ameaçada de alguma coisa, mas a questão é que as pessoas - teoricamente – conhecidas estão cada vez mais se transformando no mundo virtual.
Antes, você conhecia alguém e pedia o telefone, se o interesse fosse grande. Depois passaram a perguntar: “tem Orkut ou Msn?”. Hoje nem isso mais! Quando perceber que perguntaram seu nome completo, bam! Sinal de que vão fazer uma busca pelo Orkut. Basta você chegar em casa depois daquela saída básica e estão lá: vários gatos pingados solicitando que você diga SIM ou NÃO à esse jogo de aceitação. Mas para tomar esta decisão entro numa profunda avaliação.
Será que vale realmente a pena conhecer a versão online de alguém?
Aquela menina tímida, tranqüila e meiga se mostra uma leoa em seu álbum de fotos! O menino bacana, conversador e até meio cult estampa foto de espelho e pose de musculoso logo na foto do perfil – não que eu tenha discriminação com quem faz isso, mas, convenhamos...
A Internet está virando uma agência de promoção: “cadastre-se e se ‘passe mais’”. As perguntas que podem vir nesta ficha de inscrição devem girar em torno da questão: você vai permanecer como é ou investir numa personagem? E só podem existir muitos benefícios para quem resolve fazer uma viagem para esta Ilha da Fantasia – “Olha o avião! Olha o avião!”.
Mas sempre chega o dia em que essas pessoas descobrem, sem o auxílio do anão Tattoo, que esta fantasia não engana quem está do outro lado da tela, e que, na verdade, ele foi o único bobo desta corte.

sábado, 13 de dezembro de 2008

...(in)completo

Estou pensando em montar um negócio. Sabe como é, chega uma idade em que ninguém agüenta mais ser mandado e, como no meu caso, quer mais é mandar. É fato que nunca me senti realizado em meu emprego – que por sinal já devia estar completando Bodas de Ouro comigo -, mas era um bom emprego. Quando falo em bom emprego me refiro à característica universal que faz com que as pessoas o chamem assim, ou seja, oferece uma boa remuneração.
Logo depois de passar no concurso que me possibilitou este emprego, pensei em abandoná-lo. Mas não o fiz. Assim vieram a esposa, os filhos e a – quase que – obrigação em permanecer neste emprego. Mas era só mais um emprego. Não sentia que aquela era minha profissão, apesar de desempenhar minha função com bastante sucesso.
Mas cansei. Cansei de fazer todo dia a mesma coisa: ver os mesmos papéis, resolver os mesmos problemas, estagnar em minha cadeira. A boa remuneração da promissora carreira – como dizia no edital - me fez congelar no tempo e não mais ter ambições profissionais. Parei de crescer e me tornei mais um no meio de tantos outros.
Se tivesse seguido minha vontade e cursado Jornalismo, poderia ser que hoje eu tivesse realmente um “bom emprego” – desconsiderando os conceitos universais, aqui vale o meu conceito de bom emprego que, por assim dizendo, se trata de aliar o útil ao agradável. Mas o Direito na minha época era promissor e dezenas de concursos lançados anualmente fizeram com que a sociedade se voltasse contra a minha opção pela Comunicação: “o Direito é o que me daria futuro”!
Não digo que a área jurídica não me deu futuro, mas não era o futuro que eu esperava. Vejo que se tivesse seguido o que fazia meus olhos brilharem quando adolescente, poderia estar dizendo hoje: “o Jornalismo é que me deu um grande passado!”.
Mas não vou mais lamentar o que passou, a questão agora é olhar para frente. Vou montar um negócio e decidi por um ramo que só tem crescido ultimamente, mesmo com a crise financeira. A vez é dos Churrasquinhos-de-gato Express – cada vez mais pertinho de você!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

...tic tac passa tempo passa hora

Quando chega o final do ano, as pessoas passam a ficar mais emotivas. Não creio que seja pelo tão comentado “espírito de Natal” – até porque este há muito vem se perdendo. Creio que as pessoas vão ficando mais reflexivas à medida que diminuem a correria do dia-a-dia.
Pensam nas pessoas a sua volta, nas que já se foram e, mais ainda, naquelas em que tão poucas vezes foram encontradas durante o ano, apesar de saber que ainda há um grande sentimento entre você e elas. E é aí que entra a questão emotiva. Bate uma grande saudade dos tempos em que você estava mais próxima daquelas pessoas, do tempo em que não havia motivo para uma simples ligação ou explicação para as risadas constantes.
A loucura deste atual cotidiano pragmático faz com que quase nunca lembremos de procurar quem está por perto e não é visto. Às vezes, até lembramos, mas não há tempo para colocar a conversa em dia. Quando a pessoa não está por perto, fica ainda mais difícil manter o contato. (Aqui, não me refiro às relações por convivência diária, já que essas são bem mais simples de serem mantidas. Falo das que exigem das pessoas certo esforço para serem conservadas).
Mas nenhum destes fatores “anti-encontros” faz com que o sentimento seja diminuído. E é por isso que o final do ano reacende nos homens a vontade do reencontro, e a disponibilidade do tão escasso tempo provoca uma inquietação quanto ao que ficou pendente nos outros dias do ano.
Pena que quando a rotina volta ao “normal”, a falta de memória de todos nós também vem junto.