terça-feira, 30 de março de 2010

...e fiquei na saudade

Peço licença, mas hoje tenho que parafrasear Martinho da Vila. Se ele disse já ter tido muitas mulheres, digo que já tive muitos professores. De todas as cores, de várias idades e também de muitos amores: números, letras, sonhos...
Meu saudosismo efervescente – nunca negado – traz à tona bons momentos de aula, sejam entre quatro paredes ou não. Estava sempre ali presente a figura do professor, meio ninja, meio louca. E não vá pensar que a loucura era ruim: encantava. “Sou o único lúcido desse mundo”. Quantas vezes não se repetiu essa frase? Louca, como tantas outras.
Assistir a uma aula era como embarcar em uma viagem sem destino certo. Talvez, o destino já tivesse sido traçado minuciosamente pelo professor – e hoje tenho motivos para crer nisso -, mas nós nem cogitávamos que aquela viagem tinha sido pensada anteriormente. Era tudo tão espontâneo. Retiro meu “minuciosamente”, já que algumas particularidades da aula são imprevisíveis e os detalhes são carimbados por cada grupo.
Entrávamos no clima da discussão. Éramos desafiados, instigados, atiçados! Pequenas crianças que aprendiam que não possuíam lábia, mas eloqüência. Que mostravam seu potencial, mesmo sem perceber, e possuíam espectadores que confiavam nesse potencial. Éramos rodeados por verdadeiros professores. Vibrantes.
Ainda não consegui transcrever aqui o que realmente queria dizer. Estou chegando à conclusão de que nem conseguirei esse feito. Tenho, porém, a felicidade de saber que a sensação mora em mim. Essa percepção de ter compartilhado sonhos com meus professores. De ter podido ir mais além do que o roteiro determina. De ter seguido devaneios aparentemente sem nexo, que hoje descubro terem sido umas das coisas mais lógicas que já fiz.
São lembranças que o tempo não desfaz, mas das quais sinto falta. Queria reviver algumas das manhãs passadas, e, por curtos momentos ao menos, ouvir novamente algumas vozes inesquecíveis.
Se eu fosse Martinho da Vila e estivesse terminando esse texto, não diria se eram solteiros, casados, cabeças ou desequilibrados. Diria apenas que eles não foram mentira, eles são verdade.

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