sábado, 2 de janeiro de 2010

...tempo rei

Na escrivaninha, o calendário ainda é dois mil e nove. Mas logo tomo um susto ao ver um vazio na parede da cozinha. O velho foi tirado, mas o novo calendário ainda não está lá. Um susto que se repete desde que acordei neste novo ano. Dois mil e nove se fechou rapidamente, passou num piscar de olhos, mal vi.
Várias pendências ficaram e, agora, serão resolvidas com o carimbo de uma nova década. Novos tempos dos quais não sei o que esperar. Nunca neguei minha paixão pela certeza do passado. Porém, por mais que eu queira, não tenho como voltar no tempo. Por mais que eu tente, não tenho como mudar o que passou.
Penso em brincar com o meu futuro para perceber depois os meus diferentes passados. Mas depois caio na real de que tudo será uma coisa só: a minha vida.
Ainda estou em dúvida se este é o momento para já preencher a parede da cozinha. Há certa dose de luto pelo que se cerrou no ano velho, misturada a uma preguiça de encarar um novo ano. Somado a isso, também há uma disposição de quem não quer ficar para trás. Pode parecer contradição, mas ainda luto para não me perder nesse vôo ligeiro do tempo.

2 comentários:

Camila disse...

Sei exatamente o que é isso. Esse negócio de prender-se ao conhecido também me atrai muito, sem contar minha desconfiança quanto ao 'tudo vai ser melhor' que se escuta a cada reveillon. Enfim, começos de ano não me deixam muito feliz...

@paulapaulapaula_ disse...

blée, e não é que essa vida a ser percebida única num instante me pareceu ser a gente edificando o que é incerto sobre a solidez do passado com um relógio a tiquetaquear @.@

foi meu post preferido, lacra :)