sexta-feira, 20 de março de 2009

...cerejeira em flor - de pedaços

Hoje, fui comer um sonho, daqueles de padaria, quando vejo que por cima há uma cereja! Bem, não era uma cereja toda, mas um quarto ou um quinto de cereja. Não parecia que ela estava ali para decorar o doce, mas que tinha caído ao acaso. Um pequeno detalhe que me fez parar para pensar – e não mais comer.
Fiquei pensando que não se fazem mais doces e bolos como antigamente. Lembro de quando estas cerejas – sim, no plural! - eram desprezadas pelos convidados da festa. Depois de partido o bolo, ficavam lá, de bobeira, alguns pontos vermelhos. Eram oito, dez. Tanta cereja que dava pra enjoar.
O tempo vai passando e as pessoas economizando no que se vai vender ou oferecer ao outro. Além de ficarem restritas, as cerejas ainda são meticulosamente divididas e posicionadas. Não por uma preocupação real de quem as coloca, mas por uma necessidade de maximizar os resultados – “ordem do patrão”, como o padeiro disse.
Se vieres me dizer que isso foi uma estratégia publicitária de ordem internacional para uma valorização da cereja, me desculpe, mas não irei acreditar. É fato que nasceram disputas pela única – metade de - cereja que enfeita a torta destes tempos modernos. Mas isso foi uma consequência impensada.
Tenho quase certeza de que as vermelhinhas estão sendo cada vez mais isoladas para evitar uma possível manifestação conjunta. Pensemos bem: sem as aparições grupais elas vão perdendo a força e são mais facilmente engolidas por, literalmente, qualquer um.
O patrão pensa nas estratégias de dispersão das cerejas, o empregado obedece alienadamente. E as vermelhinhas vão sumindo.

2 comentários:

Anônimo disse...

O pior é que, quanto mais isoladas estão as cerejas, maior a ilusão de proteção e onipotência delas. pobres cerejas solitárias, não sabem a força e a satisfação que têm ao ficarem juntas.

Anônimo disse...

Mas o patrao nao deixa. Seria um absurdo desperdicio. Nao, negocio de uniao de cerejinha nao.
Silencio.

Fiquem sozinhas, assim sao mais valorizadas, suas cerejinhas alienadas.